segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fichamento: ''As transformações da Geografia no Brasil: Pesquisa, Ensino e formação do professor''

A fundação da Faculdade de Filosofia da USP e do Departamento de Geografia em 1946 teve papel fundamental na formação da ciência Geográfica.Antes da criação da FFCL- USP não existia o curso de geografia no Brasil. O período correspondente ao ano de 1886 foi chamado de Pré história da geografia, sendo que os primeiros pesquisadores que estudaram o espaço no Brasil não eram geógrafos.
No Brasil, a formação de uma Geografia científica se deu a partir de 1930, e nos anos de 40 e 50 o estudo da geografia dava grande importância aos estudos regionais.Para compreender o que os Pofessores franceses trouxeram para o Brasil e a geografia que os brasileiros iriam produzir era necessário conhecer o domínio da organização do espaço, a apropriação do território e a sistematização do espaço geográfico e também o que acontecia na Europa no século XIX.
Os seguintes autores contribuíram para a formação da ciência geográfica como ela é : Humboldt e Karl Ritter foram importantes na Geografia Tradicional, Ritter principalmente no estudo de lugares e na diferenciação de regiões. Karl Marx analizou o sistema capitalista em plena exploração das relações homen/natureza.
O curso de Geografia e História, entre as décadas de 40 e 50, apresentava em seu currículo as seguintes atividades (especificamente para Geografia): aulas teóricas, seminários e excursões, estas, tinham dois objetivos distintos, um caráter didático em que mostravam os aspectos típicos da paisagem e um caráter de pesquisa, destinado à coleta de observações dentro de um plano pré-fixado. Este currículo estava organizado em 4 anos, sendo que nos três primeiros as disciplinas eram obrigatórias, no último ano havia as disciplinas de Didática, Psicologia Educacional e duas outras opcionais. Havia pouca produção relativa aos aspectos teóricos e metodológicos da Geografia.
O questionamento da geografia no Brasil se deu a partir de certos pontos, tais como:
- A crise da economia nacional agro exportadora e do capitalismo mundial;
- O planejamento econômico , urbanização e modificações do quadro agrário;
-Intensificação da reflexão teórico-metodológica no Brasil a partir de 1970;
-Criação da Associação de Geografia Teorética , com procedimentos quantitativos em suas análises (As tendências na geografia “teorética quantitativa” utilizam modelos originados das ciências físicas e biológicas para explicar a realidade social. Essas tendências foram consideradas positivistas, e substituíram a observação direta por um empirismo mais abstrato, com uma linguagem mais elaborada, sem deixar de constituir uma vertente conservadora.A geografia teorética não obteve repercussão direta nas escolas de 1º e 2º graus, pois estávamos vivendo no regime militar, sendo que foram levados as escolas livros completamente desviados e empobrecidos em seu conteúdo geográfico, que muitas vezes tiveram seu conteúdo alterado pela proposta de Estudos Sociais);
- Análise mais rigorosa do espaço, além influência de teóricos marxistas na produção de geografia na década de 80.No ano de 1971, os Estudos Sociais foi implantado na rede de ensino do país, e , após vários estudos e avaliações uma série de objetivos foram traçados, tais como : a permanência de dois professores em sala de aula e a oportunidade de utilizar técnicas renovadas de ensino para usar a criatividade no preparo e desenvolvimento das aulas.
No final da década de 70, instala-se o colégio de aplicação e a instauração da Lei 5692/71, nos cursos de formação de professores. A legislação imposta de forma autoritária tinha a intenção de transformar a geografia e a história em disciplinas inexpressivas.Um grupo de trabalho ligado ao MEC elaborou um “guia curricular” de estudos sociais, que foi valorizado, por traduzir ao professor o sentido do trabalho que dele se esperava.Estudos sociais nas escolas vocacionais e nos colégios de Aplicação.O sentido de “Estudos Sociais” nos ginásios Vocacionais e colégios de Aplicação diferenciam muito daquele que foi implantado em 1971. Nessas escolas se empregava um novo projeto em resposta as metodologias tradicionais, com efetivação das características da Escola Nova, que não existia no Brasil.
O planejamento das atividades curriculares da área de estudos sociais estava baseado no seguinte modelo: área núcleo, círculos concêntricos, e estudos da comunidade, a área principal do circulo. Introduziu no Colégio a área de Estudos Sociais que compunha professores de Historia e Geografia, com uma coordenação pedagógica atuando na organização e no desenvolvimento de uma integração horizontal e vertical e no trabalho por áreas.As repercussões da Lei 5692/71 nos cursos de formação de professorLei aprovada em 1966 criou três tipos de licenciaturas, Ciências, Estudos Sociais e Letras com duração de três anos.
Na década de 1970 o período de expansão das escolas da rede particular de ensino superior que proliferaram na capital e no interior do Estado de São Paulo, sob o respaldo do Conselho Federal de Educação. Com esta lei ocorreu a chamada “democratização de ensino”.
A lei 5692/72 causou grandes conseqüências com relação à formação de profissionais para a educação, trazendo uma má formação dos futuros docentes. Além de enfraquecer a formação científica do professor, essa lei dificultava a disseminação de informação para a população. Alguns críticos da lei apontaram que o fato dos alunos aprenderem os conteúdos pré-estabelecidos, nem o professor nem o aluno desenvolviam o raciocínio histórico ou geográfico.Enquanto que nas faculdades particulares o ensino era pobre e fraco na discussão humanística, nas universidades públicas mantinha-se o debate, por meio de geógrafos franceses contemporâneos. Alguns desses introduziram na Geografia conceitos marxistas, que pressupunham a transformação do mundo.
O contexto vivido pelos professores de Geografia na década de 1980 era precário (salários baixos, condição das estruturas da escola), além da dificuldade dos professores, de acesso, às atualizações e reflexões necessárias a formação docente. Entretanto, as mudanças foram paulatinamente acontecendo. A produção de livros didáticos de qualidade também contribuiu para melhoria do ensino.Muitos professores de Geografia ao tomarem contato com os documentos elaborados pela AGB “assustaram-se, pois as propostas, segundo eles, eram muito distantes de sua formação acadêmica e profissional. Foi difícil em primeiro momento, para eles entenderem as teorias e os métodos que fundamentaram a proposta;” as implicações ideológicas embutidas na disciplina ao uso de método que não transmitia conceitos prontos mas que, ao contrario, propunha a participação do professor e aluno no processo de construção dos conceitos e do saber geográfico”Muitos conceitos foram discutidos entre os professores, principalmente àqueles relacionados ao marxismo, que visavam a transformação da sociedade. Nos dias atuais, ainda encontra-se alguns pontos que relembram o ensino imposto pela lei 5692/71 e 72, porém há uma maior discussão de temas e pontos que abrangem todo o carater educacional do ensino da geografia, no ensino público e particular.

Bibliografia:
PONTUSCHKA, N.N. “As transformações da geografia no Brasil: pesquisa, ensino e formação do professor”. In: A formação pedagógica do professor de geografia e as práticas interdisciplinares. São Paulo, 1994. p 29-83.

Nenhum comentário: